A ESPN apurou que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) enviou um ofício aos poderes de Minas Gerais, em que diz que aceita que a partida entre Cruzeiro e Palmeiras, nesta quarta-feira (4), no Mineirão, pelo Campeonato Brasileiro, conte com a presença das torcidas dos dois times.
A medida foi tomada após uma ação movida pelo Estado de Minas Gerais e pelo Ministério Público de Minas Gerais, na segunda-feira (2), que pede a realização da partida com torcida única, do time mandante.
A cúpula administrativa da CBF, formada por Ednaldo Rodrigues (presidente da CBF), André Mattos (diretor jurídico), Hélio Menezes Júnior (diretor de compliance) e Júlio Avelar (diretor de competições), convocou uma reunião com duas horas de duração para debater sobre as medidas e a possível mudança às vésperas do confronto.
Mais tarde, em ofício assinado por Júlio Avelar, a entidade sugeriu uma reavaliação do caso.
“A CBF, como entidade máxima do futebol brasileiro, ratifica que sempre atuou em colaboração com as autoridades públicas no tema da segurança das competições por ela organizadas. Assim, causou certa surpresa que a entidade não tenha recebido qualquer comunicação formal da PMMG sobre a identificação de riscos de segurança em relação à presença de torcidas”, destacou o ofício.
“A CBF esclarece que sua decisão de que a partida seja realizada sem a presença de público acabou influenciada pelo panorama apresentado pelo MPMG e pela PMMG, que revelava risco à segurança de todo e qualquer torcedor, independente de agremiação, e até mesmo de qualquer cidadão no dia da referida partida, o que não seria solucionado com a simples adoção de torcida única”, continuou a explicação.
“Diante do exposto, a CBF solicita a reavaliação de sua manifestação anteriormente emitida. Caso a PMMG reconsidere a recomendação, a CBF poderá igualmente rever seu posicionamento e admitir a presença de público na partida entre Cruzeiro e Palmeiras, abrangendo as duas torcidas, não, porém, torcida única, em respeito aos princípios da isonomia e equilíbrio técnico já referidos”.
Entenda o caso
No último domingo (1°), a entidade máxima do futebol brasileiro havia definido que a partida deveria ser disputada com os portões fechados. A ESPN apurou que, por ora, a condição segue a mesma.
A decisão se deu devido à recente emboscada da Mancha Verde contra a Máfia Azul, no mês de outubro. O embate entre os organizados ocorreu na Rodovia Fernão Dias, em Mairiporã, região metropolitana de São Paulo. Mais de 100 torcedores teriam participado da emboscada que acabou culminando na morte de um torcedor cruzeirense e em outros 18 feridos.
O Palmeiras, por sua vez, se mostrou contra a recomendação do MP-MG e falou em “respeitar a isonomia da competição”. Leia a nota oficial emitida pelo clube alviverde.
“A Sociedade Esportiva Palmeiras tomou conhecimento da recomendação do Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) para que o jogo de quarta-feira (4) contra o Cruzeiro, pela penúltima rodada do Campeonato Brasileiro, seja disputado sem a presença de palmeirenses no Mineirão, em Belo Horizonte (MG).
O Palmeiras discorda veementemente da sugestão do MP-MG e tem convicção de que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em respeito à isonomia da competição, trabalhará em conjunto com as autoridades de segurança pública do estado para assegurar que a partida em questão, de caráter decisivo, tenha torcedores dos dois clubes – a exemplo do jogo disputado entre as equipes pelo primeiro turno do Brasileirão, no Allianz Parque.
Cabe salientar que ainda no dia 19 de novembro, logo após o vice-governador de Minas Gerais defender publicamente a realização da partida da próxima quarta-feira com torcida única do Cruzeiro, o Palmeiras enviou ofício à CBF contestando a ideia e sugerindo que, em último caso, se verificada a incapacidade do governo mineiro de garantir a segurança dos palmeirenses no estádio, a entidade determinasse a alteração do local do jogo para uma cidade de outro estado.
O Palmeiras não aceita ser penalizado esportivamente em razão de um crime ocorrido em uma rodovia, em um dia no qual o atual bicampeão nacional nem sequer entrou em campo.”