Na medida em que os confrontos decisivos da NBA Cup se aproximam, é natural que algumas das grandes histórias dos últimos dias envolvam as equipes que ainda estão na disputa do troféu deste ano. Mas não dá para deixar de olhar também para os momentos de turbulência que vivem as duas equipes finalistas da edição anterior do torneio. Especialmente os atuais campeões.
A história da última semana
O Los Angeles Lakers visitou o Miami Heat na última quarta-feira, em jogo com transmissão da ESPN. Até chegamos a destacar por aqui, na seção em que apontamos um motivo para assistir uma determinada partida da nossa programação, que o Heat andava carente de grandes apresentações contra adversários mais fortes nesta temporada. Nesse sentido, a resposta foi em grandíssimo estilo: vitória por 134 a 93.
Diante desta diferença de 41 pontos no placar, o técnico dos Lakers, JJ Redick, foi bem transparente ao dizer o que pensava sobre o resultado. Falou que se sentia envergonhado e que admitia uma parcela de responsabilidade pelo o que aconteceu, mas ressaltou que seria necessário quem entrou em quadra também assumir essa responsabilidade. Chegou até a apontar que o “nível de profissionalismo” do time no confronto ficou aquém do ideal.
LeBron James tratou de declarar que concordava 100% com tudo o que Redick tinha dito. Para quem já acumulou ao longo da carreira algumas declarações atravessadas que evidenciaram o descontentamento com quem o comandava, esse tipo de apoio é bem significativo.
É verdade que o Heat teve um aproveitamento de 52% nos arremessos e acertou 24 bolas de três pontos, igualando assim um recorde histórico da franquia. Também é verdade que teve aquele trecho do terceiro quarto em que Tyler Herro pegou fogo e fez um monte de cesta seguida. Mas foi curioso observar ao longo da partida algumas coisas que estiveram por trás destes números.
O que se viu pelos lados dos Lakers foi um time sem ideia de como defender. Parecia até que aqueles jogadores nunca haviam atuado juntos antes, tamanho o nível das falhas de comunicação e entrosamento para reagir ao ataque adversário. Não foram raras as vezes em que buracos se abriam na marcação e lentidão nas tentativas de coberturas, coisas que acabaram gerando algumas demonstrações mais explícitas de frustração.
Vale considerar que os Lakers não estavam exatamente em alta antes disso. A derrota em Miami foi a sexta em um intervalo de oito partidas, então dá para entender que não foi criada uma tempestade em cima de uma noite infeliz.
No compromisso seguinte, nova derrota: para o Atlanta Hawks, também fora de casa, por 134 a 132. Foi depois de uma prorrogação, uma cesta de longa distância de Trae Young nos segundos finais e ainda um arremesso errado de LeBron James no estouro do cronômetro, na tentativa derradeira de vencer o duelo.
Não deu certo, mas houve a sensação de que alguma coisa mudou. “Se tivermos sempre essa postura, vamos ficar bem”, disse Anthony Davis depois da partida.
A questão é que, mesmo com esse esforço elogiado, os Lakers perderam. E na cesta de Trae Young que garantiu a vitória aos Hawks, deu para ver mais uma vez erros de comunicação e de cobertura de uma defesa que aparece hoje entre as cinco piores no ranking de eficiência da liga. Não é só com vontade e empenho que se vence jogos de basquete.
A essa altura da temporada, a campanha é bem semelhante ao que o time vinha tendo no campeonato passado sob o comando de Darvin Ham. O que levanta o debate: era ele o problema? Tudo indica que não.
Apesar de LeBron e Davis ainda serem grandes estrelas, os Lakers não parecem contar com um elenco capaz de brigar nas cabeças do Oeste. Especialmente por se tratar de uma conferência de um nível altíssimo de competitividade, tão recheada de times fortes, que permite margem de erro minúscula, onde duas derrotas seguidas podem bastar para uma queda acentuada na classificação.
Será que trocas virão por aí, em uma tentativa de mudar o grupo ao redor dos dois grandes craques? Ou tudo vai continuar como está, impondo a Redick a missão de se virar para tirar o que der das peças à disposição e entregar um resultado melhor do que Ham teve no ano passado?
A única certeza por agora é que esse time, do jeito que se encontra, passa longe de se credenciar ao título da NBA.
Nem na Copa vai dar para sonhar desta vez. As duas derrotas na fase de grupos decretaram a eliminação precoce dos atuais campeões.
Olha o que ele fez
Eles, na verdade. Os jogadores do Dallas Mavericks. São sete vitórias em sequência, 11 nos últimos 12 compromissos. O único tropeço veio contra o Miami Heat, fora de casa, em uma partida na qual Luka Doncic foi desfalque e acabou sendo decidida na prorrogação.
Considerando apenas esse intervalo de 12 jogos, os Mavericks têm média de 119,9 pontos anotados e 108,3 pontos cedidos a cada 100 posses de bola. Números que representam a terceira melhor eficiência ofensiva e a sétima defensiva do período.
As duas vitórias mais recentes foram contra Washington Wizards e Toronto Raptors. Superar dois dos piores times do Leste não é algo que impressiona tanto assim. Um resultado mais expressivo ocorreu na terça-feira, contra o Memphis Grizzlies, quando pôs fim a uma série invicta de seis partidas do rival e carimbou passagem para a fase decisiva da NBA Cup.
Essa invencibilidade dos Mavericks e os números expressivos nos dois lados da quadra serão colocados à prova diante do Oklahoma City Thunder nesta terça (10), pelas quartas de final da Copa NBA. Na realidade, dá para dizer que é o maior teste possível para qualquer boa fase, já que o Thunder tem hoje a melhor campanha da liga.
Por outro lado, vale lembrar que quando os dois times se cruzaram nos playoffs, foram os Mavericks que prevaleceram. Qual será o roteiro desta vez?
Abre aspas
“Eu acho que a qualidade de jogo que estamos entregando em quadra, antes de tudo, é vergonhosa. Todos os times da liga são jovens e jogam com energia. Todos jogam duro e querem vencer. Então, não há razão para não fazermos o mesmo. Não há motivos para não igualarmos esse esforço. Mas, pelo que quer que seja, não está acontecendo”
O desabafo é de Tyrese Haliburton, armador do Indiana Pacers, frustrado com o que o time vem rendendo nesta temporada. Especialmente no ataque.
No campeonato passado, os Pacers tiveram média de 120,5 pontos a cada 100 posses de bola. Números que renderam o segundo lugar no ranking de eficiência ofensiva da liga. Agora, a realidade tem sido bem diferente: 111,7 pontos a cada 100 ataques, o que deixa a equipe apenas na 19ª posição.
Sem aquele poder de fogo que tanto impulsionou a campanha na temporada passada, os Pacers são um time muito pior. A exemplo do Los Angeles Lakers, já estão fora da Copa NBA. Os dois finalistas da última edição ficaram pelo caminho ainda na fase de grupos.
Uma estatística
Se alguém tinha dúvidas sobre o encaixe de Karl-Anthony Towns ao lado de Jalen Brunson no ataque do New York Knicks, parece seguro dizer que hoje as coisas têm funcionado em alto nível. Com média de 121,1 pontos a cada 100 posses de bola, o time lidera a NBA em eficiência ofensiva.
Além disso, os Knicks estão na segunda posição tanto em aproveitamento de arremessos em geral (50%) quanto de bolas de três (39.8%) – curiosamente, atrás do Cleveland Cavaliers em ambas as categorias.
Foi evidente uma certa hesitação no comportamento ofensivo das duas estrelas durante o começo de convivência. Era até natural de se esperar que fosse assim. Mas as coisas vêm se acertando nas últimas semanas.
A habilidade de Towns como arremessador realmente ajuda a abrir espaços na quadra para um time que tem um armador como Brunson. São 45% de acerto em chutes de três pontos. Trata-se de um aproveitamento excelente, o mais alto da carreira do pivô até agora.
Só que em termos de volume, houve uma queda. A quantidade de tiros de longa distância tentados por jogo é menor em relação à temporada passada. É aí que fica mais interessante observar como essa nova peça vem causando impacto no ataque dos Knicks.
Ao invés de se comportar como um mero arremessador, Towns tem aproveitado os passes que recebe no perímetro para infiltrar. Quando um defensor sai correndo para cobrir o espaço e contestar o chute de longe, para ele é um prato cheio aproveitar esse desequilíbrio para invadir o garrafão.
Até o momento, Towns tem média de 7,7 infiltrações por jogo. É a segunda maior marca da equipe. E o aproveitamento em finalizações neste tipo de jogada é de excelentes 61,4%.
Na medida em que as defesas adversárias têm buscado encontrar soluções para isso, Towns tem se desenvolvido também como passador. Quando as coberturas aparecem dentro do garrafão para tentar dificultar a cesta fácil, ele tem feito um trabalho cada vez melhor para ler essas movimentações e encontrar companheiros bem posicionados.
Um exemplo disso: o índice de eficiência nos arremessos de Mikal Bridges salta de 51,2% para 59,1% quando Towns está em quadra. Vale notar também que Brunson aumentou o volume de finalizações ao redor do aro.
Ainda é cedo para imaginar onde os Knicks podem chegar na temporada. Até porque a defesa precisa evoluir para aumentar o poder de competitividade da equipe em um hipotético duelo contra o Boston Celtics na briga pelo título do Leste. Mas já há sinais bem animadores.
Será que é para valer?
Houston Rockets e Golden State Warriors estarão frente a frente em uma das quartas de final da NBA Cup. Não faz muito tempo que as equipes se enfrentaram pela última vez. Foi na quinta-feira, em San Francisco. Mesmo sem Stephen Curry e Draymond Green, os Warriors levaram a melhor. O grande responsável por isso atende pelo nome de Jonathan Kuminga.
Os 33 pontos dele representam um novo recorde pessoal. Aquela facilidade para infiltrar deu as caras mais uma vez, o que por si só já chama a atenção porque do outro lado estava a segunda melhor defesa da NBA no momento. Mas Kuminga também aproveitou as bolas de três que apareceram.
Em um ataque tão limitado de poder de fogo, foi determinante para criar jogadas e fazer as coisas acontecerem. O rendimento parece ter convencido o técnico Steve Kerr a promovê-lo de vez como titular dos Warriors – mesmo quando todos os principais nomes estivessem de volta.
Acabou sobrando para Draymond Green, que foi o primeiro a apoiar a decisão. Ele chegou a declarar que Kuminga estava merecendo mesmo esse tipo de reconhecimento e que não se importava em ir para o banco de reservas para vê-lo mais tempo em quadra.
O primeiro capítulo dessa história não foi muito bom. Os Warriors perderam por 107 a 90 para o Minnesota Timberwolves, e Kuminga encontrou dificuldades para produzir contra a defesa do outro lado. Foi limitado a apenas 13 pontos, aproveitando apenas seis dos 15 arremessos que tentou.
Dois dias depois, novamente contra os Timberwolves, Kuminga e Green apareceram juntos no quinteto inicial. Os Warriors levaram a melhor, Kuminga jogou um pouco melhor e ouviu alguns elogios de Steve Kerr após o confronto. “Acredito que ele encontrou o ritmo dele como titular”, chegou a dizer o treinador.
Acompanhar o desenrolar desta história pode ser interessante por uma série de motivos. Kerr admitiu ao longo da temporada que estava aberto a fazer vários testes em quadra. Há vários momentos mesmo em que Kuminga parece pronto a assumir uma parcela maior na definição de jogadas dos Warriors no ataque. E existe também o risco de ele ser usado como moeda de troca em algumas semanas.
O que vai ter na tela da ESPN
Quarta-feira (1):
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Atlanta Hawks x New York Knicks, às 21h
Por que assistir: é um jogo eliminatório entre times que desenvolveram algum grau de rivalidade recentemente. Quem não se lembra de Trae Young despertando a ira da torcida nova-iorquina no Madison Square Garden naquela série dos playoffs de 2021? Agora, os Hawks vêm em grande fase, enquanto os Knicks têm Karl-Anthony Towns voando.
Sexta-feira (13):
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Los Angeles Lakers x Minnesota Timberwolves, às 21h
Por que assistir: a defesa dos Timberwolves tem dado indícios de que se acertou ao longo dos últimos jogos, lembrando o altíssimo nível apresentado na temporada passada. Quanto ela será capaz de frustrar LeBron James, Anthony Davis e companhia?